2018/12/18

a nossa mãe de todos os dias

a nossa mãe de todos 
os dias saiu de casa,
mal o dia saltou do ovo,...

caminhava 
gastando o 
dentro dos pés,
com os 
sapatos gastos,
a navegarem 
como naus catrinetas 
nas ruas molhadas,...

ficámos em casa 
alinhados na 
cama bamboleante,
sem vivalma a 
limpar-nos as lágrimas,
nem para ouvir os 
desgostos sem cor 
que transpiravam 
como fel da fome,...

a nossa mãe de 
todos os dias 
voltou para 
nos ver quase mortos,
embrulhados no 
papel do amor 
que nos espalmava à vida,
como se por ali tivessem
 passado os natais 
que nunca conhecemos,...

deu-nos de comer 
com as mamas escanzeladas,
e no fim 
resumiu-se tudo 
à lua a aconchegar-nos 
num silêncio sem cor,
capaz de nunca 
mais pedir sol 




2 comentários:

  1. Um texto belíssimo que nos transporta para dentro do peito das crianças esfomeadas. Quase sinto a tristeza, o frio, o desgosto. No final, sente-se a morte a deambular pelo mesmo luar que os ilumina parcamente. Um silêncio capaz de nunca pedir mais Sol, é talvez um dos eufemismos mais belos que tenho lido para descrever a morte. Parabéns.

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