Vou comprar tabaco, e depois pô-lo-ei no bolso deste casaco que quero queimar. Aos bocadinhos, procuro cortar o umbigo desta depressão, e se calhar, se puser esta veste do diabo a fumar, consiga desapertar a cabeça, e no lugar dela pôr o amor. Chamei-me esta manhã, porque me apetecia mesmo fazer isto. Sou casado com as nuvens negras com que os poetas costumam foder. E é um matrimónio para a vida. Refugio-me no tabaco, pronto. Mas estou farto de tanto caldo peganhento a devorar-me as entranhas, para depois usar-me como tapete de limpar o pénis. Estou naquela de nem desdenhar uma ginástica daquelas de pé de prédio velho. Nas ruas bafientas de Lisboa, onde cheirar a tabaco é um crime, e sonhar com pintelhos de mulheres a arder dá cadeia mental pro resto da vida. Há um outro plano para este maço putativo que há-de sair destes trocos. Ser de morte. De destruição de conceitos, e acabar com a boca à banda de tanto tentar entender o sentido da vida no fundo de uma garrafa de cervejo com cheiro a mijo.
Tenho tudo isto escrito num papelinho com as pontas queimadas, escondido nas badanas do cu. Se me matarem, quero que saibam que o céu me há-de segregar como um fumador não arrependido.
Este texto tem hiperligação. Carregue no título...