Tirado daqui
Um longo aperto de mão selou a concordância entre os dois homens. Insegura, sem grandes fundamentos éticos ou legais, mas ainda assim um acordo. Pouco ou nada se conheciam. Cada um tinha as suas raízes muito longe do local em que agora se encontravam. Um, o que aparentava mais segurança de si próprio, tinha nascido no anonimato. Cresceu com pais inocentes, desligados da idiossincrasia da vida na modernidade. Alcançou um sucesso gradual a expensas próprias, e foi viver para junto do mar, oferecendo a si próprio um sonho adiado que mantinha desde crianca. Do outro pouco se sabe. Apenas que apoiava um homem que o tinha perfilhado em jovem, por ter construído com ele pontes semelhantes ao amor. Conseguiu um caminho de relativo sucesso com esse relacionamento, e organizou uma família. Uma mulher que aprendera a amar, em bases que nunca conseguiu explicar, e uma menina de outro ponto do mundo. Que adotou por, escondia esse segredo dentro de si, parecer bem e ser um ato que poderia ajudá-lo a curto prazo. O caminho de ambos cruzou-se à distância. Um tinha bens materiais que o outro cobiçava, e depois da formalidade dos primeiros contactos, tinham-se encontrado pessoalmente pouco antes daquele dia. Combinaram novo encontro para selar a venda de um bem sem importância, e a partir daí permitiram que algo ficasse escrito dentro de ambos. Sem saber quanto tempo mais iria durar, nem em que moldes. Mas a certeza estava lá. E os olhares de ambos aceitavam mutuamente o cultivo desse compromisso de estabelecer pontes em comum, para um futuro desconhecido. Mas isso não interessava naquele momento. Só o facto de terem de se abrigar algures de uma chuva inconveniente que entretanto tinha começado.
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