2024/07/05

O grumete

 O grumete estendia as pernas no balcão, sentado no estreito e periclitante banco de madeira. Insultava todos na taberna. Enquanto enrolava um palito entre o indicador e o polegar da mão esquerda, acusava o dono de ser um verme. A mulher de se deitar com todos os homens da aldeia. Ao mesmo tempo gritava, vomitava ordens. Queria dez cervejas seguidas, um prato de chourição com fatias da grossura de uma unha. A paciência já faltava. As pessoas continuavam a entrar e a sair como se nada fosse. Naquele sitio não havia dias especiais. Havia espertalhões, deprimidos, alegres, tristes, maus, ingénuos. Um amarelo nas paredes e nos dois balcões de mármore em triângulo, que crescia de dia para dia. Mas só isso. O conceito de diferença não tinha ainda entrado naquele universo. Por isso, o grumete acabaria por se ir embora, sem afetar qualquer equilíbrio. Seria só mais um...


                                                                      Tirado daqui

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Acha disto que....

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