Estava à porta da Sé. O encontro estava combinado. Havia
muito. Apareceu antes de tempo, como era seu apanágio. Gostava do que tinha
escolhido para vestir. Um casaco de seda azul, a combinar com uma camisa
branca, e umas calças justas. Uns sapatos desajustados, mas isso era um
pormenor. Pensou nela. No que estava ali para dizer, mas principalmente para fazer.
O tempo refrescava. Olhou para o céu de Lisboa, que em inícios de Outubro, já tinha o Outono assente em todos os momentos, e a brotar de todas as calçadas já
desfeitas pelo tempo. Mudava de tonalidade a cada segundo, como sempre se
recordou. Uma louca sem destino empurrou-o, enquanto murmurava uma ladaínha
desconexa. O tempo passava, e recordou-se de como a tinha conhecido. Há meses,
que à medida que se foram desfiando pareciam agora momentos. Apenas momentos.
Ela estava a falar com um homem de barba rala e grisalha, e vestido fora de
tempo e estilo. Era rececionista de qualquer coisa que não vem ao caso, e
estava assustada. Parecia perdida, e num português inofensivo perguntava o caminho
para o centro da cidade. Era evidente que não estava no seu mundo, mas ele era dali e sempre te tinha sentido de milhares de universos que não este.
Manteve uma distância de segurança, e percebeu que no meio do nervosismo
evidente, da roupa fora de estação, estava ali alguém que valia a pena conhecer….
2023/06/17
Por falta de qualidade, tempo, ou qualquer outra coisa, nada continua para mim...
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Es genial cuando conoces a alguien más allá de las apariencias. Te mando un beso.
ResponderEliminarSin duda
EliminarUn beso tanbien
Gosto muito deste registo.
ResponderEliminarE a vida continua sempre todos os dias. Resta saber vivê-la.
Obrigado
Eliminar🙂