2023/06/17

Por falta de qualidade, tempo, ou qualquer outra coisa, nada continua para mim...

Estava à porta da Sé. O encontro estava combinado. Havia muito. Apareceu antes de tempo, como era seu apanágio. Gostava do que tinha escolhido para vestir. Um casaco de seda azul, a combinar com uma camisa branca, e umas calças justas. Uns sapatos desajustados, mas isso era um pormenor. Pensou nela. No que estava ali para dizer, mas principalmente para fazer. O tempo refrescava. Olhou para o céu de Lisboa, que em inícios de Outubro, já  tinha o Outono assente em todos os momentos, e a brotar de todas as calçadas já desfeitas pelo tempo. Mudava de tonalidade a cada segundo, como sempre se recordou. Uma louca sem destino empurrou-o, enquanto murmurava uma ladaínha desconexa. O tempo passava, e recordou-se de como a tinha conhecido. Há meses, que à medida que se foram desfiando pareciam agora momentos. Apenas momentos. Ela estava a falar com um homem de barba rala e grisalha, e vestido fora de tempo e estilo. Era rececionista de qualquer coisa que não vem ao caso, e estava assustada. Parecia perdida, e num português inofensivo perguntava o caminho para o centro da cidade. Era evidente que não estava no seu mundo, mas ele era dali e sempre te tinha sentido de milhares de universos que não este. Manteve uma distância de segurança, e percebeu que no meio do nervosismo evidente, da roupa fora de estação, estava ali alguém que valia a pena conhecer….

4 comentários:

Acha disto que....