2025/06/14

...uma mulher que priorizava o tempo

 Não se sentia plena. Como a mulher que sempre imaginara. O dia parecia passar incompleto, por entre as suas hesitações. Decidira não gostar de finais, por isso os relacionamentos que aceitava ter eram precipitados, deixados pela rama. Nunca aprofundados. Guardava até um registo escrito de todas as desilusões que sabia deixar nas pessoas de quem apenas se aproximava.

 Não é que fosse feliz assim. Mas tinham-na ensinado a adorar a racionalidade. A estender o necessário, por cima do irrelevante. E nunca, mas mesmo em circunstância nenhuma, dar qualquer hipótese ao amor. Era o que, na sua opinião, mais lesava os sentidos, inutilizava o amor próprio das pessoas. E era isso, tudo na vida devia de resumir-se ao essencial, porque não havia tempo para mais. Ela não queria ser distraída de um caminho que podia não ter destino, mas tinha a sua crença. E ela era uma mulher que priorizava o tempo, em detrimento do desnecessário. 

                                                                      Tirado daqui

O Fantasma
Pintura de: Josef Mandl 
1898

4 comentários:

  1. Miguel,
    Hoje só passando pra
    ler e deixar
    meus votos de
    ótimo fim de semana.
    Bjina
    CatiahôAlc.

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  2. Oh..the signs when the honeymoon is over..is a swift kick in the gut or sometimes butt for many of us. Yes, there are times when you believe NOTHING CAN GO WRONG..and then you wake up to see the truth. But we usually forget the warnings. Some decide to fuss through life. When I look back at my parents..I remember when my Dad slapped my mom. Twice. Once in front of her parents (and they both clapped) another time in front of his friends. Later, I learned how much he loved her. Yet, she made him quit miserable.

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Acha disto que....