2017/08/25

Livremente escrito....

Tinha poucas moedas, e estavam guardadas num saco de papel amarelecido, com pequenos rasgões nas extremidades. Deve ter perdido algumas pois só contou o suficiente para comprar daqueles rádios pequenos a pilhas, com antena, 
Dos que se estragam ao fim de poucos dias. Mas ia servir. Abriu a porta de casa, desceu dois vaos de escadas com cuidado para não se afundar até aos tornozelos nos buracos feitos pelas térmitas, e entrou na rua. Chovia, pouco, mas irritava com aquele vento infantil que nos chateia os ouvidos com gritinhos birrentos.
Em dez minutos estava na loja. O dinheiro chegou á conta e até pareceu ver alívio na cara do dono. Era o último do Stock e já ninguém pega em coisas destas. Parou de chover no regresso a casa. Seria pela hora de almoço quando deu duas voltas na fechadura para se voltar a trancar. 
Ela estava com dor de cabeça, virada de costas para a porta da cozinha. Sentada num velho banco castanho esmiuçava qualquer coisa para acalmar a fome. 
Deu tempo para retirar o transistor da caixa, silenciosamente esticar a antena ao máximo, e em duas estocadas furar lhe o pescoço do lado direito. Em segundos o chão pintou se de um vermelho vivo, e no peito dela apenas impercetiveis suspiros.
Voltou a sair de casa, a tempo de ver de novo chover. Entrou na primeira esquadra e disse que odiava a liberdade,...
Por isso tratou de a matar na ponta metálica de um radio a pilhas que custou umas moedas ...

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