De bocadinhos de tempo. Vivias do sol, a raiar na solidão que comias todas as manhãs, quando um olho forçava o outro a abrir, sondando o que de mau a abrasiva tempestade de estar só tem. Histórias de gritos, que te varavam o feminino da tristeza com que te comprometeste em manter-te na vida, se esta se mantivesse no assento dos teus segundos de ébano. Vivias para a noite, quando tudo isto acabava. E vinham os sons da esperança, transfigurados no que te pareciam grasnares saídos dos pássaros do amor que, inocentes, procuravam ainda o belo em ti.
Conheci-te assim. Prodígio insonso das coisas que foram deixadas por fazer no meio do redondo patrocínio que a madrugada dá às especialidades do choro. Se soubesse melhor que isto, descrevia-te numa folha de lágrimas de felicidade. Aquelas coisas diáfanas, que mudam de cor consoante as crianças sorriem, ou deixam de chorar porque lhes faltam as lágrimas. Mas é a mim que me faltam as lágrimas. Por tudo o que isso possa conter....
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