2025/10/28

Boca remendada em silêncio,...

 Os olhos todos fechados,

Os das pequenas coisas sentados,

Em linha com o sol e a sombra da rotina percutora,...


A mesma que nos deixa de ombros alinhados,

Boca remendada em silêncio,

E as pernas impedidas de prosseguir para lado nenhum,....


Era a noite mais pesada de sempre,

Uma página iria virar-se naquele sítio,

E restavamos nós,

Nós os adjetivos,

Filhos de verbo nenhum,

E culpados pela sombra,

Acentuada e envelhecida


José de Almada Negreiros, Do Alto de Santa Catarina, Lisboa, Portugal, 1925 

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