Sentia-se Maria. Não o fruto da indecisão dos pós da criação, mas o amor. O passar métrico dos segundos com tudo no sítio em precisão diíficl de descrever. Maria nos gestos, nas indecisões, até nas lágrimas que fecundam a terra em dias secos e de morte pintada nas esquinas. Somei-me naquele dia aos 'bonita', e aos 'fazia-te um filho', que de tão indecentes soavam mudos. Chamei-me deprimido. Calmo bocado da rotina que mata aos poucos. Mas fi-lo à minha maneira. A mão tapava-me a boca nervosa, porque sentia a minha voz de barreiras, não de contactos. Respondeu-me sem responder. Com passo ante passo, nervosamente à procura de um destino que se desfazia no respirar nervoso que se sobrepunha ao correr do sangue da cidade. Insisti. Queria a vida, disse. Arrisquei um toque. Dobrou-se sobre si. Temi pelo desnorte. Mas não. Foi do imobilismo que nasceu o suspiro. Murmurou dor. Percebi que já não queria ao outro, mas só ao que não se vê, mas só dói. Atraiu-me o enliar do vento por sobre o labirinto dos cabelos negros. Pareceu-me ter ouvido um quero-te, choroso e frio. Mas sem olhar. Só lamentos de tudo. Sem palavras, desnorteava por entre gestos subtilmente descontrolados. Olhares humedecidos por um arrependimento que queria morrer, mas parecia imortal.
Caminhámos. Sentia a terra por baixo dos pés a dizer-me o indecifrável. Desaguei com um rio de silêncios junto ao mar. Foi onde me sentia melhor que a minha pele se envenenou com uma sedosa declaração de amor. Humedecidos momentos de atrevimento traduziram-se num beijo. O pôr-do-sol abraçava o que parecíamos querer do resto da vida.
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