Esperou pelo momento determinante naquela sonda de equívocos. O mesmo chegava quando o pêndulo do relógio da praça parava de bater e, sempre de seguida, abasteciam-se os ouvidos das pessoas de latidos dos cães vadios. Não se sentia uma pessoa normal. Só queria namoriscar conforme tinha aprendido com a pessoa que admirava por correspondência. Com um banquinho de madeira de pinho na mão.
Não precisava de mais.
O esqueleto deformado por causa das febres pesava-lhe só quando o álcool oleava as dobradiças, o que não era o caso naquela tarde. Escolheu a árvore que vira plantar por um génio inconformado da poesia abstracta. A mesma que, pela sua origem intelectual, repousava morta aos abanos do vento assuão das tardes daquele recanto de cidade-estado. Assentou a alma, depois o corpo, depois o espírito, depois a capacidade criativa, e só no fim o 'ai' com que brindava todos os momentos com que sonhava previamente.
Erecto, com a espinha hirta, ou pelo menos em vias disso, assentou o calcanhar direito na rótula esquerda. Ao longe, o luar. Sempre com vento. Esperou, adiantou-se por entre o que ansiava ser o final de tarde perfeito de espera pela pessoa certa, até que ela chegou.
Mas não parou.
Nem olhou.
Só chorou.
Ele escreveu.
Iria dizer adeus, a tudo o pouco que tinha comprado. Mas fá-lo-ia com um bilhete de despedida.
Tinha aprendido noções de sânscrito com o monhé do rés-do-chão entretanto regressado à pátria-natal, e por isso homenagearia as ansiedades que normalmente pintam a morte de escarlate.
A cor dos balanços cínicos.
2009/08/19
À espera de um bom título para o amor
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