2008/12/04

Monólogo


Quando o espectáculo finalmente viu a luz do dia, tudo mudou. Aquela rua, de concêntrica, pedia vagas de sonhos desfeitos. Terá havido um poeta que, num milisegundo, tentou encontrar a chave para o que pudesse advir da criatividade que aquele pedaço de alcatrão prometia.
Falhou.
E o espectáculo não trazia grandes expectativas ao que se passava no âmago de quem por ali respirava. Era só um homem nu, com a alma na mão, a especificar porque tinha enlouquecido, e a garantir que até vendia felicidade naquele estado. Só que. O dia abriu-se, foi isso. O sol desembainhou uma espada de quem timido, não se quer fazer notar. Abençoou o que rir tinha de mais redentor, e deu-o a cada sorriso que pode pintar. Se sentir bem era grátis, ver um louco foi enriquecedor.
De monólogo tinha pouco, aquela experiência. As pessoas antes conversavam com as suas próprias frustrações, ao mesmo tempo que a chuva e aquele homem lhes queimavam os olhos. De monólogo, saberia o artista o que fazer consigo mesmo. Fez soltar o pedaço do mundo em que as almas são empilhadas, à espera das redenções que se prometem à nascença. Foi só um louco quem conseguiu desacreditar os fundamentos de tudo. E deixou o nada como refúgio de circunstância.
A vida continuou antes que o momento mau, se sobrupusesse a esta experiência. Só foi louca a desfeita falsidade do que nem se sentiu....

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