2011/01/24

'Ecapa'


Súbditas as tardes que vêm morrer na praia onde as crianças enfeitadas com tiaras de chumbo, e sapatos feitos de teias de sonho desfeito, gostam de acalmar insubstituíveis práticas comuns de mimetismo. Chamam ‘Ecapa’ à alegria de juntos saltarem o barranco da tristeza, procurando do outro lado coisas que desenhar com as lágrimas que sobravam dos medos que já deixavam de sentir. Sentavam-se em semi-círculo, dispostos por vontade de fazer bem com um simples afago, um bem dizer, um sentido prático de tornar no bem comum as experiências de choro alegre que as tenras idades já lhes permitia gozar.
Parecia rebentar em fogo de artifício a ‘Ecapa’ bem feita. A que secava a areia húmida da praia, e a transformava em ouro. Ou o que parecia ser a alegria dourada de qualquer Deus que na eventualidade de ter criado aquele mundo em Guerra, chorava agora impaciente com o verdadeiro da comunhão de espíritos livres. Bem casados consigo mesmos.
Escrevia-se tudo isto de forma liberta. A pena era de uma mulher bonita, solta de ideias, tristonha mas crente no círculo interminável do mundo. Fazia parágrafos longos entre os diálogos, deixando fontes profícuas de insubstituível desilusão. Mas uma desilusão saborosa. Cheia de expectativa que o dia nascesse amanhã, com mais alegrias destas pintadas a ouro.

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