para martim, rapaz robustecido e anuente com a frequência das coisas boas na terra onde vivia, esta era uma questão de vida ou morte. Vestido de afrologia declarada, com calças de sarja, e uma camisa de ramagens de palmeira, que o declarava fonte de alegria no taciturno dos dias que ali demoravam a passar, acreditava que ela havia de se recordar,...
a menina era equilibrada. Permanecia oculta quando nas redondezas, tudo parecia descender em respaldos de loucura, e quando aparecia, fazia-o com encanto. Pé ante pé, de cabelos soltos, ligeiramente enfeitados com a cacimba das manhãs que desabrochavam em vida aos primeiros desembaraços de sol.
Pelo sim, pelo não, passou junto à entronizada casa de santos onde ela morava, havia pouco tempo. Esperou, esperou, e quando já parecia que nada ia ouvir, uma música insinuante, desordenada, mas que agarrava a pessoa por cada osso do corpo, saiu pelos arrabaldes da casa, até que lhe tocou os tímpanos de forma desempoeirada. Havia ali um descaramento difícil de descrever, mas que sabia bem.
Para Martim, rapaz robustecido e que aguentava bem cada remoque da existência, aquilo pareceu-lhe um convite a qualquer coisa. Deixou de ser uma questão de vida ou de morte, para frutificar um desejo de ali estar. Um dia, dois sóis, o tempo que fosse. Sabia que ia demorar, mas queria ter a certeza de que ela tinha mudado de ideias. Que o iria querer quando as coisas assim o permitissem. Quando o arroz passasse a ser mais barato que a água, e o perfume pudesse caber nos bolsos do povo.
Entretanto, enquanto esperava, lia um pequeno livro de cordel que encontrou escondido, no meio das ervas. Falava sobre um velho que se tinha despedido dos filhos, para ir morar para junto de uma fábrica....
Parece-me que o Martim está a despertar para para a vida.
ResponderEliminarGostei do rapaz e o texto é uma pequena maravilha literária.
Muito bom e com uma riqueza de pormenores subentendidos, que denotam muita maturidade na área da escrita.
:-)
Obrigado pela presença.
EliminarEstes arranques são mesmo isso. Arranques para o que está aqui atravessado nestes dedos. Um primeiro livro de ficção. Mas não há meio de surgir
Obrigado pelo elogio e leitura
😊
Uma fracção de uma história de amor Juvenil. Não consegui encontrar o significado da palavra afrologia. Está história deve ter continuação?
ResponderEliminarBoa Noite.
De vez em quando, muito de vez em quando, dedico me a inventar novas palavras.
Eliminar😊
Provavelmente falho. Mas é muito Mia Couto consumido. 😊
Obrigado pela presença
Quanto à continuação não prometo.
EliminarTalvez. Mas duvido que a minha inspiração o consiga
Mesmo com esse entusiasmo juvenil, tenho que o livro que lhe caiu nas mãos o levou para longe, muito longe... Gostei muito do conto, cujo seguimento fica, por ora, a cargo de quem o lê rss.
ResponderEliminarSim. O melhor é ficar mesmo a cargo de quem o lê
Eliminar😊
Obrigado pela presença
Gostei bastante do texto, mas fiquei um pouco defraudada, a menos que isto tenha continuação.
ResponderEliminarEu gostava de ler mais...senhor dos gatos!
boa semana
beijinhos
:)
Afago nos felinos.
Pois.
EliminarO problema é uma coisa chamada bloqueio que mora aqui dentro da minha cabecinha, e só me permite ainda fazer coisas aos poucos, no que à prosa diz respeito.
Estou a ap+render a viver com ele, até um dia o conseguir matar de vez, e depois ver o que acontece
:-)