2021/08/18

Solenidade muito própria


duas ou três parcelas de um escrito incompleto,

de autor desconhecido,

que pendia por detrás de um móvel

que apodrece,

naquela casa abandonada,...


ou se confirma,

ou a incerteza corrói,

torna os ossos em água,

o sangue em vinho azedo,

e de tortura recôndita,...


ao fim e ao cabo,

este é o dilema das vidas finitas,

dito do topo de uma rua,

ao entardecer,

com o sol a enquadrar-nos a cara

com solenidade,...


nada disto parece sequer pesar

muito

4 comentários:

  1. A inacreditável finitude que podemos deixar por detrás de um móvel apodrecido.

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  2. E haverá alguma vida que não seja finita?
    Só os diamantes são eternos...

    Gostei da originalidade do poema.
    Que mente fértil é a do Miguel... Todos os dias descobre palavras, que bem encadeadas umas nas outras, chegam ao fim e sempre nos dizem algo.

    Um abraço de boa noite.

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Acha disto que....