2021/03/26

Vagamente inspirado em 'A morte de Carlos Gardel'

 o anão esperneava, esbracejava com o jornal desportivo. um choupo, a casar com um salgueiro. E o vento insinuava tanta ideia de conluio entre árvores centenárias. As janelas do hospital pareciam tombar sobre a estrada, alumiando os carros que passavam, alternadamente, para se fazerem à curva acentuada à direita, que depois levava ao centro.

-Precisamos de um defesa central. Se não lá se vai a taça.

Subia a rua desorientado. Lembrava-me do meu avô. O homem vinha de jogar dominó no jardim da Parada, vestia o roupão por cima do casaco. E depois repousava sobre os resultados de domingo.

O amigo do anão já nem lhe ligava. Chegou-se uma senhora bem posta, com um casaco de popelina, um chapéu com duas rosas enegrecidas. Teria os seus sessentas, e o taxista agradeceu. Pôs uma primeira solta. O anão continuava.

-Vai-te embora. assim não me respondes.

Continuei lentamente. Não sabia onde ia. Também não me parecia interessar. 




4 comentários:

  1. Gostei da narrativa.
    E o texto pode ter continuidade. O limite poderá mesmo ser um romance...
    Bom fim de semana, caro Miguel.
    Abraço.

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