2021/01/09

Lembrar e fugir

 lembrava-se da mãe,

do que lhe dizia abrigada da chuva,

para preservar momentos em vez,

de embalar indecisões,

para se dizer insuficiente a quem

o quisesse menorizar,

tanta coisa que por se lembrar

dela,

cada dia custava menos

ser só,

abundantemente só,

tão só que o dedos dos pés

lhe doíam de tanto fugir,

   da própria solidão,....


e claudicar à entrada de uma

invisível melhoria de sentir,

parecia errado,

por isso iria continuar,

agora sem se lembrar do que

tinha anotado,

nos trapos que vestiu em criança




4 comentários:

  1. Infâncias infelizes que marcam pela vida fora. Boa noite.

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  2. Há sabedoria em "preservar momentos, não embalando indecisões". Um aprendizado da infância que não se perde. Nem todas as memórias trazem tristeza, independente de não coroadas de luzes e de cores. A solidão a ninguém faz bem e não se assemelha à decisão de se estar só. Gostei muito do poema, sensível e belo. Abraço.

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    1. Belos e profundos são sempre seus comentários
      😊
      Obrigado pela presença

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