Bolero do coronel sensível que fez amor em Monsanto
ANTÓNIO LOBO ANTUNES
Eu que me comovo
Por tudo e por nada
Deixei-te parada
Na berma da estrada
Usei o teu corpo
Paguei o teu preço
Esqueci o teu nome
Limpei-me com o lenço
Olhei-te a cintura
De pé no alcatrão
Levantei-te as saias
Deitei-te no banco
Num bosque de faias
De mala na mão
Nem sequer falaste
Nem sequer beijaste
Nem sequer gemeste,
Mordeste, abraçaste
Quinhentos escudos
Foi o que disseste
Tinhas quinze anos
Dezasseis, dezassete
Cheiravas a mato
À sopa dos pobres
A infância sem quarto
A suor, a chiclete
Saíste do carro
Alisando a blusa
Espiei da janela
Rosto de aguarela
Coxa em semifusa
Soltei o travão
Voltei para casa
De chaves na mão
Sobrancelha em asa
Disse: fiz serão
Ao filho e à mulher
Repeti a fruta
Acabei a ceia
Larguei o talher
Estendi-me na cama
De ouvido à escuta
E perna cruzada
Que de olhos em chama
Só tinha na ideia
Teu corpo parado
Na berma da estrada
Eu que me comovo
Por tudo e por nada
Escreve bem poesia e prosa.
ResponderEliminarComo não gostar de A.L.A ?!
Boa semana e saúde.
Beijo
:)
Sem duvida
EliminarConcordo inteiramente
Belos versos! Parabéns pela criatividade.
ResponderEliminarBoa semana!
O JOVEM JORNALISTA está em Hiatus de verão de 18 de janeiro à 04 de março, mas comentaremos nos blogs amigos nesse período! Mesmo em Hiatus, o blog tem um post novo. Não deixe de conferir!
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Até mais, Emerson Garcia
Obrigado pelo elogio, Emerson. Mas não são meus. Gostava que fossem
Eliminar:-)
Muito bom!
ResponderEliminarAproveito para desejar uma boa semana!
Bjxxx
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Obrigado
EliminarPara si tb