Eu procurei e era vapor ou sonho
e era o mundo, o rumor do estiocom os seus barcos de folhagem entre as pedras
e o sol por sobre os muros, a linguagem
dos gestos quase imóveis no ardor
monótono e sombrio de uma brancura
que vencia o tempo e era o ombro
e o seio da terra entre o verde e a cinza.
Eu procurava e recebia o sopro
de um fogo em labirintos áridos
e a violência reunia-se num flanco
vermelho, companheira
que ardia adormecida e se elevava
sem sobressaltos à nudez do cimo.
Era como se a terra amasse o sonho
e com a mão de fogo e a mão de água
desenhasse o instante da primeira
alegria divina. Eu recebia
as formas que se abriam e encerravam
em círculos vagarosos de uma matéria pura.
António Ramos Rosa, ‘As duas mãos da terra
Confesso que eu também gostava. É um poema divino, fascinante.
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Feliz fim de semana
Cumprimentos poéticos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Obrigado pela presença Ricardo
EliminarAbraço