2020/12/17

Canis

 


os cães,

os mesmos que nos cheiram como acossados

de qualquer coisa,

eles conseguem ver o vento,

foi um velho que mo disse,...


e mostrava-me os dedos,

um por um,

dois a dois, 

depois a mão toda,

e fechava os punhos,...


dizia-me que o ódio é difícil de escrever,

mas fácil de cantar,

por isso culpava os cães até do rasto que custava

a secar naqueles dias de chuva,

meio tosca,

e quando via um,

arranjava sempre o seixo mais redondo,

e esforçava-se por lhe bater no meio dos olhos,...


só que o raio dos bichos fugiam,

já tinham aprendido a morder-lhe o rasto das

botas cardadas,

e ir fussar noutros sítios,...


enquanto isso os relógios nunca

queriam parar

8 comentários:

  1. Um poema sobre alguém zangado com a vida que assim se expressava.
    Boa Noite.

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    1. Boa noite.
      Talvez. É uma interpretação
      Este é daqueles casos em que aceito qualquer leitura
      😊. Obrigado pela presença

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  2. Atirar pedras aos cães era o desporto favorito das crianças...
    Excelente poema, gostei muito.
    Continuação de boa semana, caro Miguel.
    E um Feliz Natal (apesar do vírus).
    Abraço.

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    1. Obrigado Jaime.
      È uma recordação muito violenta, que eu admito o poema traz
      :-)
      Mas pronto.
      Abraço, e retribuo os votos de feliz natal.

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  3. Poema muito bonito. A relembrar que toda a violência gratuita nunca deve ( nem pode) ser apanágio de vida e amor.
    .
    Cumprimentos

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    1. Obrigaod pela apreciação ricardo.
      Fico feliz que o que escrevo impressione pelo alerta de consciências
      Ainda bem.
      Abraço

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  4. Qualquer tipo de violência deixa marcas. Até os cães, tão apegados aos donos, sabem deles fugir quando maltratados. O ódio se esconde atrás de palavras outras. E é tão difícil de escrever quanto de cantar, pois não oferece qualquer estímulo ou inspiração. Abraço.

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