2018/10/14

Inatingível 2018 em novo crossover com o blogue 'Páginas Partilhadas'

Às vezes gosto de pensar na manhã como uma coisa que se recorta.
Encolhida a mínimos de palma de mão, circundo-a com uma tesoura ferrugenta, apurando cada forma geométrica que faz dela maleável a todos os sentidos humanos.
Acabo com justapostos triângulos, de rebordo dourado do sol de todas as vezes em que acordo com sorrisos dos que não se vendem por sonhos falsos.
Com cuidado, procuro enfià-los nos dois globos oculares, até conseguir parar em frente ao espelho, e ver-me sem o eu que dispenso há décadas.
É giro, sentir o morno da sinceridade dos princípios de dia a brotar pelo meio de cada artéria auto-bloqueada que o nosso corpo se prepara para formar.
Abro os olhos, e só assim me vejo como algo por que vale a pena lutar. Descoordenado desta pele de papel manteiga que me embrulha os ossos, fazendo do sangue caldo intenso de odores pintados de todas as cores

2 comentários:

  1. E é nas manhãs, que ao primeiro olhar do espelho, no qual inventamos uma vida, um olhar e uma face que não a nossa mas a que gostaríamos de ter, pensamos para nos mesmos...amanhã será melhor...mas esse amanhã nunca mais chega, mas nós teimosamente todos os dias pensamos o mesmo...até um dia...Um abraço poeta!Isabel Bastos Nunes

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  2. Obrigado isabel, pelo comentario e visita
    :)

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Acha disto que....