joaquim manuel magalhães / despedes-te depressa destes dias
Despedes-te depressa destes dias
sem o sol que pensaste e te faria
rasgar de ti o que conheces.
Precisas da ignorância e do inútil.
O que sabes soterrou as energias
ao ar do mar onde há barcos e peixes
naturalmente, como tu não és.
Dentre as mãos como pinheiros as carícias
é uma forma de corroeres a vida.
Um espírito nocturno espreitas das coisas,
a transitória consciência encontra análogos
nas matérias, na falsidade.
Os vagarosos gestos ocupam os lugares,
a desolada observação dos factos e dos feitos.
O brilho visionário fez-se derrota,
a perfeição nos sonhos,
uma linguagem de sentido perdido.
joaquim manuel magalhães
dos enigmas
moraes editores
1976
Poemas enriquecem a vida e ter o dom de escreve-los nos faz donos de tesouros incalculáveis.
ResponderEliminarObrigado malu pelo comentario
ResponderEliminar:)