2021/05/01

Maiando a 21 de fevereiro

 


Arrumou todas as coisas para partir. Nada mais a agarrava aquele lugar. As galinhas, como serões mal passados em família, pareciam querer indagar a razao, espreitando pelas redes amarelecidas das duas capoeiras.

Tinha duas vacas, e vinte ovelhas para entregar na aldeia, que era a umas boas duas léguas. Amanhou três pedaços de pão envelhecido num saco de pano, uma selha de água cheia até meio, para ficar fresca e deixar a voz pronta a disparar caso fosse necessária. Vestiu as calças que tinham sido do pai, os sapatos do irmão, cardados e russados, que ele lhe tinha deixado antes de ir para além mar. Pegou no apito de cana, que guardava na gaveta de cima do móvel da cozinha. Servia para impedir o tresmalhe de alguma ovelha, caso ele acontecesse. E saiu antes que do céu de zinco começasse a brotar a chuva que se esperava.Não sabia o que a podia esperar. Só tinha de sair dali... 

4 comentários:

  1. O relato de um momento preparatório para o cumprimento de uma tarefa em que as galinhas inteligentemente se apercebem da partida da sua dona.

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  2. Pois há tempo que
    o melhor a fazer é mesmo sair
    sem olhar pra trás.
    Gostei do texto e o li em voz
    alta para aproveirar bem
    as palavras.
    Bjins
    CatiahoAlc.

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    1. Fico feliz por ter induzido uma leitura tão ativa e prazerosa
      😊
      Obrigado pela presença

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Acha disto que....