2018/08/29

Que horas são?

Que horas são?,
Dizes-me o sol, pelos enleios dos cabelos com que defendes o sono das invenções da madrugada. Pergunto-te pelo som da morte, o mesmo que bate a todas as portas para anunciar o dia, e que eu falho sempre em ouvir antes do acordar. Balbuciaste o amor, como sempre fazes enquanto, atabalhoadamente, esforças-te para abrires o rosto a mais uma incerteza de horas sem contorno.
Sei que lá fora está o vento, o mesmo que nunca pergunta pelo fim dos momentos de silêncio, apenas os mata momentaneamente com beijos invisíveis.
E há crianças que chilreiam como os pássaros sem idade que tu gostas, dizendo que a fortuna estará no redondo das esquinas. No desnorte sem pés da azáfama de cada momento que escolhemos evitar, só para que se perpetue esta coisa sem nome que nos faz ir continuando por aqui. Garantindo que nunca nos iremos perder pelos intervalos das mãos que nos desligam, sempre que somos forçados a separar-nos.
Que horas são?
'Talvez o momento de não dizermos mais estas coisas, e partir?'
Viras-me costas, e sei que mais logo voltarei a ver o teu sorriso que me fura os olhos para me deixar com vontade de embalo nos braços invisíveis do teu sono.
Até lá, estarás zangada com a dor nas paredes da garganta que dá por não haver palavras para qualificares a minha vontade de nos separar.
Mas tem de ser....


2 comentários:

Acha disto que....