2018/08/02

Pobreza

Estava trauteada aquela música. Parecia que tinha notas musicais engalfinhadas, quase como o pasodoble desnorteado que a rádio vomitava, de quando em vez, nas tardes de chuva miudinha que convidavam a ficar em casa. Falava sobre um amor recitado. Um amor analfabeto, de dois andrajosos que resolveram apoiar-se na miséria, depois de se terem rendido à animalidade que advém da falta de perspetivas.
Dizia que sentir-se bem com o outro, é quase como despir a pele, e voltar a vesti-la do avesso. Por entre os acordes da guitarra flamenca, parecia ouvir-se um choro igual ao dos velórios. Baixinho, quase impercetivel.


4 comentários:

  1. Gostei muito.Escreve muitíssimo bem, muitos parabéns! Um dia quero escrever como o senhor... Vou visitar o seu blog mais vezes!
    Beijinhos!

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  2. Obrigado pela visita Beatriz.
    E não me trates por senhor :)
    Podes voltar quando quiseres .
    Beijinhos

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  3. Gostei imenso!

    É quase como aquela música "não se ama alguém que não ouve a mesma canção"...


    Um beijinho,
    piquimads

    piquimads.blogspot.pt

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Acha disto que....