Ia para as ruas e tratava-as como pessoas. Manuel, o desanimado. Via-o naquele pedaço de calçada que subia, ou descia, consoante a pinga que se tivesse bebido. Consentia tudo, o manuel. Não tinha estudos, pelo menos era o que via nas sacadas das janelas que pareciam cair para a rua, se as observassemos num ângulo certo.
Mal se virava à direita, e o Tejo aparecia de frente, vinha a Alzira. Uma antiga corista do parque Mayer:pelo menos era assim que a via. Ainda com pernas esguias e altas, como os dois lampiões de petróleo pareciam mostrar. Tinha olhos ainda cheios de vida, e uns Olás que saltavam de boca em boca, como um sinal de vida desperado por vencer a morte.
Todos os dias, sempre à hora do final de tarde, aparecia o Francisco. Um Chico mortiço, sem cores, que só via um carteiro a bater às portas como unico sinal de ânimo.
Ficava feliz por achar assim os contornos da vida de todos os dias. E propunha-se a descobrir mais ruas com nomes possíveis de pessoas. O relógio parecia deslizar mais facilmente desta forma.
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