Chamo-me José Manuel da Silva Hilário, tenho 48 anos, e vivo no topo desta ruela, encravada no bairro de Alfama, desde que me lembro. Nunca levei uma vacina na vida, porque nunca quiseram isso para mim. Também nunca casei , nunca fui å tropa, e não conheço mais ninguém que goste tanto de usar lenços nos bolsos da lapela como eu. Costumo prendê-los com dois alfinetes de ama ferrugentos, um de cada lado. Tenho a mania de que se não o fizer, como moro num alto onde o vento gosta sempre de lutar com as pessoas, ficaria sem eles.
Gosto, em geral, de mim. Acordo sempre com a boa disposição possível. Ajuda deixar sempre o estore por fechar totalmente, e as três filas de orifícios que ficam abertas, são as suficientes para o sol conversar comigo ainda antes de eu acordar. Acho que tenho essa virtude, conseguir comunicar durante o sono. Ouço os pombos que pousam no beiral da minha janela sempre à mesma hora, e sou capaz de jurar que eles já me disseram que eu devia ter vergonha da minha vida ensombrada. Nunca lhes respondi. Não é que pense que ganharia alguma coisa com isso. Mas sinto que não devo. Eles nunca me iriam responder com algo percetível, capaz de mudar a minha vida. Acho que a minha vida não precisa de ser mudada. Acordo sempre da mesma forma. A olhar para uma fotografia de uma paisagem idilica, com cavalos a correrem por um pasto verde, e o sol a pôr-se em fundo. Depois sento-me na cama. Rezo uma algarviada que sei desde miudo, e levanto-me.
P.s.: foi uma figura sempre abjeta para mim, mas george bush pai que morreu hoje entra neste video
Gosto, em geral, de mim. Acordo sempre com a boa disposição possível. Ajuda deixar sempre o estore por fechar totalmente, e as três filas de orifícios que ficam abertas, são as suficientes para o sol conversar comigo ainda antes de eu acordar. Acho que tenho essa virtude, conseguir comunicar durante o sono. Ouço os pombos que pousam no beiral da minha janela sempre à mesma hora, e sou capaz de jurar que eles já me disseram que eu devia ter vergonha da minha vida ensombrada. Nunca lhes respondi. Não é que pense que ganharia alguma coisa com isso. Mas sinto que não devo. Eles nunca me iriam responder com algo percetível, capaz de mudar a minha vida. Acho que a minha vida não precisa de ser mudada. Acordo sempre da mesma forma. A olhar para uma fotografia de uma paisagem idilica, com cavalos a correrem por um pasto verde, e o sol a pôr-se em fundo. Depois sento-me na cama. Rezo uma algarviada que sei desde miudo, e levanto-me.
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