Percebia-se pela cor das flores que se adivinhava uma mudança de estação, e com ela as pessoas passariam a ficar mais incompreensíveis, e incompreendidas. As rosas ganhavam um encarnado menos vivo, tísico quase, a mesma cor com que me lembrava dos tuberculosos no asilo que ficava mesmo ao lado de minha casa, e fechou um dia que a polícia percebeu que o diretor tirava a candura as crianças, familiares dos doentes, a troco de pirulitos e moedas de um tostão para silenciar a sinceridade da meninice. Os cravos terminavam o dia brancos. Os malmequeres também. E não me lembro de mais nenhuma flor, porque aprendi a detestá-las, já que me lembravam de tanta coisa junta que prefiro nem enumerar.
Mas era matemático perceber o passar do tempo assim. Aí uma semana depois de se começar a notar o sofrimento dos elementos da natureza, desatavam-se as nuvens nas primeiras chuvas. As ruas pareciam o lago do jardim da cidade, e o lago do jardim da cidade ganhava uma capa multicolor de folhas das árvores, derrotadas das lutas com os ventos crescentes de norte, que normalmente dava lugar a uma mortandade de carpas e outros peixes angustiados pela perda das conversas diárias com o sol que o tempo mais quente trazia.
Eu gostava de me ver a mim mesmo como o doutor mais instruído do bairro nestas coisas. Não havia ninguém que eu conhecesse capaz sequer de perceber todas estas vicissitudes que o tempo traz à natureza. Uns não ligavam. Outros detestavam tudo o que era belo, pois só esperavam a morte e a possibilidade, hipotética, de ver tudo isto a partir do lado de dentro. E outros ainda que pensavam perceber tudo, e não percebiam rigorosamente nada .
Mas era matemático perceber o passar do tempo assim. Aí uma semana depois de se começar a notar o sofrimento dos elementos da natureza, desatavam-se as nuvens nas primeiras chuvas. As ruas pareciam o lago do jardim da cidade, e o lago do jardim da cidade ganhava uma capa multicolor de folhas das árvores, derrotadas das lutas com os ventos crescentes de norte, que normalmente dava lugar a uma mortandade de carpas e outros peixes angustiados pela perda das conversas diárias com o sol que o tempo mais quente trazia.
Eu gostava de me ver a mim mesmo como o doutor mais instruído do bairro nestas coisas. Não havia ninguém que eu conhecesse capaz sequer de perceber todas estas vicissitudes que o tempo traz à natureza. Uns não ligavam. Outros detestavam tudo o que era belo, pois só esperavam a morte e a possibilidade, hipotética, de ver tudo isto a partir do lado de dentro. E outros ainda que pensavam perceber tudo, e não percebiam rigorosamente nada .
Mais um bom texto. Por vezes as flores somos nós humanos... que vamos perdendo a "cor" com as rasteiras da vida.
ResponderEliminarBom fim de semana 😊
Os piruças.
ResponderEliminarSempre gentis.
Obrigado
Bonito texto!
ResponderEliminarConvido-te a visitar o sítio da Mamã Coruja.1
Obrigado mamã coruja
ResponderEliminarWhoo whoo
:)