Na
verdade, as coisas cobrem-se de um manto sem cor. Parecem querer proteger-se do
amargo das manhãs, quando as pessoas saem de casa nuas. Sem esperança. De
bolsos vazios. Os olhos debaixo de um friso sem novidades de humanidade. Se bem
me lembro conheci-te num dia como estes, sem nome e sem felicidade. Caminhava ao
longo do rio de todos os días, e passeavas em sentido oposto. Mirando o céu,
com lágrimas a assegurar-te o rodeio de sonho de um rosto cansado, aquilino, e
quase deificado.
A
um lamento de solidão, respondi-te com a certeza de que valia a pena navegar.
Sem destino. Com o pesar escondido num bolso, e o desejo de amar no outro.
Demos as mãos quase em silêncio, até me teres dito
que tinhas a forma de uma âncora. Escondida debaixo de um qualquer mar, que até
podía ser aquele ao lado. Interminável. E que nos abraçava, como o péndulo do
tempo que não pára perante qualquer hesitação.
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