poema de Valério Romão
queria ter aprendido essa forma líquida de estar na vida
de ser um osso pintado a caminho da dança
pôr as mãos atrás das costas num gesto largo
para lançar o peito em figura de proa
para ter nas costas o navio crescendo
como uma árvore de fruto e dele
pingar homens bons às centenas
homens de coração exposto à ferida e à temperança
e nunca mais descer à casa do medo
nunca mais tremer
nunca mais declinar em vestígio
fazer do túmulo em chamas a casa do espírito
o cepo glorioso onde todos os dias oferecer as mãos e a testa limpa
ao machado e à vontade da coroa
(seja esta coroa seja esta vontade)
o coração ardendo sempre o coração ardendo livre
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