Magia
A devoção era palpável do primeiro suspiro da manhã, que sabia a orvalho de meandros de Primavera, ao cerrar de pálpebras da noite, que tranquilizava até aquelas inseguranças que costumam vir, parecidas com as ondas da praia quando o vento se decide a revolver as entranhas do planeta. Tinha resignação à sua presença. De cabelos enleados como a lã quando sai das ovelhas assustadas, de um louro esbranquiçado. A pele que escurecia consoante o sol invadia, sorrateiro, aquele quarto de paredes brancas, e ficava alva quando o sono vinha, e a noite aparecia, como as mães que vão aconchegar os filhos, fazendo-os sentir com uma força capaz de levantar todo o Universo.
Preferia não lhe dar qualquer nome. Chamava-a querida, com uma voz que de tão impercetível, parecia o bicar do pardal em cada manhã, no beiral da janela. Decidia-se pelo amor, e ela nem respondia ou, quanto muito olhava-o com dois vaga-lumes pequenos, sorrateiros, que pareciam presos e com vontade de sair. E queria sorrir,... o tiritar do canto da boca mostrava-o. Dava para ver, quase à transparência, que o fazia quando virava costas para sair daquele lugar.
Uma indecisão de meio segundo roubou-lhe o viver. Mediu mal a pressa, e enfiou a frente do carro contra um muro, um dia. A partir daí, sentiu que morrera. Mas a vida tinha-lhe dado uma nova vida, com as pernas mortas, braços moribundos, mas com uma cabeça que brilhava a todas as horas. E ela surgiu quando já tinha prometido, escrevendo uma carta à sua própria razão, que o passar do tempo tinha de contar com ele para pormenorizar todas as decisões indispensáveis para que a vida continuasse.
Ele não tinha muito para oferecer. Mas ela foi ficando. Era de poucas palavras. Dizia só as certas. Quase como, a princípio, tivesse querido roubar algo de dentro dele. E ficou-lhe com o coração. Pareceu magia.
Naquele dia, disse para si mesmo, ia escrever dentro da própria cabeça um início de romance. Chamar-lhe-ia qualquer coisa como a Flor mágica dos dias iguais.
A devoção era palpável do primeiro suspiro da manhã, que sabia a orvalho de meandros de Primavera, ao cerrar de pálpebras da noite, que tranquilizava até aquelas inseguranças que costumam vir, parecidas com as ondas da praia quando o vento se decide a revolver as entranhas do planeta. Tinha resignação à sua presença. De cabelos enleados como a lã quando sai das ovelhas assustadas, de um louro esbranquiçado. A pele que escurecia consoante o sol invadia, sorrateiro, aquele quarto de paredes brancas, e ficava alva quando o sono vinha, e a noite aparecia, como as mães que vão aconchegar os filhos, fazendo-os sentir com uma força capaz de levantar todo o Universo.
Preferia não lhe dar qualquer nome. Chamava-a querida, com uma voz que de tão impercetível, parecia o bicar do pardal em cada manhã, no beiral da janela. Decidia-se pelo amor, e ela nem respondia ou, quanto muito olhava-o com dois vaga-lumes pequenos, sorrateiros, que pareciam presos e com vontade de sair. E queria sorrir,... o tiritar do canto da boca mostrava-o. Dava para ver, quase à transparência, que o fazia quando virava costas para sair daquele lugar.
Uma indecisão de meio segundo roubou-lhe o viver. Mediu mal a pressa, e enfiou a frente do carro contra um muro, um dia. A partir daí, sentiu que morrera. Mas a vida tinha-lhe dado uma nova vida, com as pernas mortas, braços moribundos, mas com uma cabeça que brilhava a todas as horas. E ela surgiu quando já tinha prometido, escrevendo uma carta à sua própria razão, que o passar do tempo tinha de contar com ele para pormenorizar todas as decisões indispensáveis para que a vida continuasse.
Ele não tinha muito para oferecer. Mas ela foi ficando. Era de poucas palavras. Dizia só as certas. Quase como, a princípio, tivesse querido roubar algo de dentro dele. E ficou-lhe com o coração. Pareceu magia.
Naquele dia, disse para si mesmo, ia escrever dentro da própria cabeça um início de romance. Chamar-lhe-ia qualquer coisa como a Flor mágica dos dias iguais.
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