2019/01/16

Um dia gostava de saber escrever assim

“Amei-te sem saberes No avesso das palavras na contrária face da minha solidão eu te amei e acariciei o teu imperceptível crescer como carne da lua nos nocturnos lábios entreabertos E amei-te sem saberes amei-te sem o saber amando de te procurar amando de te inventar No contorno do fogo desenhei o teu rosto e para te reconhecer mudei de corpo troquei de noites juntei crepúsculo e alvorada Para me acostumar à tua intermitente ausência ensinei às timbilas a espera do silencio”
— Mia Couto

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