2019/01/17

Arquivo de cabeceira

chamávamos arquivo de cabeceira
aquele monte de papéis
amarelecidos,
rabiscados a carvão,
atamancado nas duas gavetas de arrumação
que o quarto tinha,
os únicos locais de retorno secreto que
aquele que era o nosso espaço,
tinha entre o redescobrir do sol,
e o estrangulamento da noite,...

lias com alguma atenção,
quando a solidão to pedia,
as considerações em forma de
desenhos de canto de folha,
que eu conseguia fazer sempre
que não estavas lá,...

por vezes havia palavras desconjugadas,
verbos sem sentido que pululavam
aqui e ali no desnorte daquelas
distrações,
sim não foram mais que distrações,
o socorro que aqueles diários de segundo
representavam,...

e que agora talvez repousem melhor no fogo,
não quero deixar pontas soltas quando o
meu eu se azular,
para procurar o mimetismo do anonimato


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