Lembro-me de quando o meu pai fumava, usar um cinzeiro de pé alto, metálico, e que durante muito tempo foi maior do que eu. O que segurava aquilo à terra tinha uma base que parecia uma pata de galinha, com as três garras bem distintas, que se cravavam na carpete da sala . Houve uma altura em que a coisa me meteu medo. Imaginava-a a ganhar vida durante a noite, e a andar pela casa a arranhar as paredes, deixando um rasto de cinza preta enquanto caminhava à procura de barrigas para rasgar, com aquela garra medonha e que, com os anos, foi ganhando um tom ferrugento.
Nunca contei ao meu pai o que sentia sobre aquilo. Guardo só a memória de o ver recostado no sofá acastanhado da sala, com a base da cabeça apoiada no tecido. Fizesse chuva, fizessem raios de sol a entrar por entre os losangos pequenos do estore, o cigarro estava sempre preso entre o dedo médio e o anelar. O fumo subia, tipo fogueira de índio num filme do john wayne, e desenhava nuvens no céu branco da sala...
Nunca contei ao meu pai o que sentia sobre aquilo. Guardo só a memória de o ver recostado no sofá acastanhado da sala, com a base da cabeça apoiada no tecido. Fizesse chuva, fizessem raios de sol a entrar por entre os losangos pequenos do estore, o cigarro estava sempre preso entre o dedo médio e o anelar. O fumo subia, tipo fogueira de índio num filme do john wayne, e desenhava nuvens no céu branco da sala...
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