E liquidificou. Deslumbre de momento. Mas sentiu a luz começar por trespassar a ponta de um dedo, e sem paragem.
Não demoveu o fim, a perspectiva de um novo princípio.
Fez sol.
Por um momento a paragem cíclica de um espírito aburguesado deixou de se repetir a si próprio.
E liquidificou.
Tornou seiva a pegada que desmistificara a terra. A terra, ela própria, pareceu alhear-se de um regime auto-destrutivo que penava. Que soluçava. Gotejavam experiências arregimentadoras, que pautaram uma vida ilusória. A terra deixou de olhar, porque olhar doía.
E liquidificou.
A decomposição de uma ideia simples, e solúvel, tomada pela raíz, tomou efeitos destrutivos. Romperam-se compromissos. Deslizaram frisos de amores propensos à morte, e o chão ficou corroído. Almas condoídas, no que o condoído tem de mais fiável, pulularam em desnorte sasonal. E a mesma fresta que a crosta inconstante abriu, fechou.
Só pessoa, menos de passado que de futuro. Menos pessoa, estado gasoso, e confluído. E liquidificou. Sou eu, a escrever desditas à sombra de um sol que já morreu, mas insiste em quadros pré-impressionistas de uma cor só.
2008/07/16
Pós-Guernica
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