A força,
Beijos, dores, emanações de
Frustrados com letra grande,
Os que já partiram sentados,
A conversar,
Enquanto o tempo,
Grão de pó constante na minha escrita,
Passeia junto ao mar,
Fazendo pedrinhas levitar na espessura vaga do espelho de água,...
A força resume-te,
Descreve-nos sem ter o que acabar agora que a luz,
Morreu
...onde vos mandámos para
ter a verdade,
ninguém sabia a perfeição,
a hesitação recordava-se como
um equívoco de juventude,
sem arrependimentos,
e dos velhos,
rezava-se que a possibilidade
de os ter acordados,
fosse só a água a correr
para um rio que nem existia,...
na mansidão dos ideais,
a hesitar,
os poucos brilhantes extinguiam-se,
como um dia o tempo o fará,...
e da verdade nada restava,
até ser necessário sublinhar
as frases com mentira
Porque estás ao lado deles contra mim? Não nos refugiámos neste deserto, nem abandonámos ainda este claustro de santos e anjos colocados.
A humidade do século, a humildade poisa sobre o oleado. Levo-O comigo através das ruas vazias, Levo-O mesmo antes de eu O ver.
Porque estás do lado deles contra mim pendurado na nave onde só a velha mulher lembra com as lágrimas que ninguém ouve
entre as multidões da Tua pátria e os soldados do império. Arde uma vela doem os espinhos
arde o cheiro acre do vinagre. Queimam algumas aparas do lenho onde Te renovas. Suspenso sobre a cidade judaica dominas em silêncio e
levas conTigo as amáveis palavras de um ladrão. O óleo, os incensos, o mundo nem sequer protege a solidão das obras. João Miguel Fernandes Jorge, Tronos e Dominações
como que a inoculação
deste vírus,
chamado indisposição
de viver,
fosse o que
precisávamos,...
estávamos à espera
que o tempo passasse,
de mão em mão,
como que um grupo
de crianças assim tratado
se revelasse,
triste,
só por momentos,
antes que a preciosidade
de um sorriso surgisse,
e ao colocar tudo em causa,...
afirmasse a precisa
descrição de um dia,
igual ao de sempre,
para que a água nos trouxesse
o final dos tempos
Eu vi as coisas que quiseste que visse,
Não me agradaram,
Pensei no fim dos tempos,
Na razão pela qual não devemos confiar no tempo,
Porque ele um dia vai falhar-nos,
Esmiuçando todos os nossos falhanços num choro interminavel,...
A moderna forma de contornar toda a indecisão assim pintada,
Encontramo-la na desilusão,
Em confiar nas pessoas e elas trairem-nos,
Para que assim se escrevam livros sem sentido,
Incentivando as pessoas a aprofundarem o egoísmo
se me explicares como a falta
de presente,
molda as nossas forças,
e destrói o futuro insuportável,
ofereço-te este pequeno apanhado
de falhanços,
que aqui tenho,
está rabiscado de uma forma renascentista,
quase inofensiva,
mas considero-o importante,
porque qualquer coisa que anunciamos
a nós mesmos,
como factos por consumar,
vale a pena ser partilhado,...
até dissecado,
e não me faças explicar-te
o óbvio,
o sol ainda dorme por entre aquelas
árvores que já morreram
Custa pouco não escrever poesia,
Amanhã à noite se calhar,
Já não penso o mesmo,
A distância de casa à Igreja permanece igual,
Não conheço o verbo espiar,
E só sei cozinhar uma coisa,...
Arrependimento,
De resto,
Acho que não escrever poesia faz as pessoas crescer,
Até porque o tempo há-de tornar-se irrelevante,
E aí,
Discutirei o realce dos verbos nas decepções das pessoas,..
trocar tudo por ti,
as coisas,
a languidão dos
dias indeterminados,
a frase certa para que se perceba
que o teu falar,
vem de longe,
não é daqui,
não tem horas
marcadas para sorrir,
nem para chorar,...
só existe,
e nada sei dele,
como se a gostar assim,
me tornasse estrangeiro
da tua distância
agora perguntas-me e daí,
o que sobrevive quando já não
temos mais roupa,
que esconda o que queimámos ao
cantar sem destino,
dizendo-nos povo sem dono,
música sem quartel,
conceito sem explicação,...
se me perguntares pela luz,
respondo-te que agora,
mesmo neste momento
que não mais voltará,
já não sei se parar de escrever
o que te oferto,
será sinal que sei parasitar o
suficiente a tua saudade,
para que não abdiques da minha
insuficiência,
dos defeitos que desfiei e desfio
aos teus olhos,
como o tear das tecedeiras
que trabalham para não morrer,
e morrem para que outras venham
depois delas,...
perdoa-me se a metáfora embrulhada
neste papel sem cor,
não te arrastou de novo para a estória
do sorriso que te corre no sangue,
mas não sei fazer melhor
Talvez ela mo fosse dizer agora. Sei que anda a sobreviver a si própria, anormalmente instruída só no suficiente para fazer sentido. Para que cada passo que teme dar, não fique atrás do próximo que dá sem que a razão lhe explique a forma a dar a cada frase. A cada sentimento.
Pára, volta para trás, debruça-se sobre o chão, como que a raiva a absorvesse em espiral, consoante o seu próprio desejo:
- Não me disseram o que viram. Só que lhes doeu.
Esperava mais.Sei que há um, que me parece sem sentido. Dizem que já matou. Que não reza. Que não tem cultura. E que só anda por onde ela anda, porque é isso que os homens sabem fazer. Seguir o tracejado do que as mulheres percorrem, e esperar que algo os ajude a fundirem-se com a história que cada sorriso de uma mulher transpira.
Saímos em silêncio daquela casa. Na rua, todas as ruas pareciam caber afuniladas naquela brisa de todos os sentidos que atormentava as pessoas. Percebia-se o medo, o impedimento que rendilhava o desejo em passar. Em inutilizar os contactos visuais, apenas o tempo suficiente para chegar a porto seguro.
Peguei-lhe numa das mãos, enquanto a sentia com a outra a querer remar naquelas águas revoltas. Já não era comigo que queria estar. Parámos, e tentei um beijo. Recuou um passo, respondi-lhe com outro em frente, e ela defendeu-se com um menear de rosto. Magoado, profundamente magoado. Senti-lhe um espírito que chorava, inconstante, revoltado com o passar das horas que a tornavam inútil, desprovida de sentido. Velha, com a juventude a escapar-lhe pelos rebordos irregulares do sorriso.
Despedimo-nos. Tudo estava contado ao segundo. À necessidade de seguir com vidas que, naquele momento, tinham acabado de nascer e lutavam ainda para habituar os olhos à luz de existências que vestiam apenas a pele....
li uma ou duas páginas
do que deixaste,
só podia ser teu,
as consoantes mal entoadas,
com vogais abertas,
bem trabalhadas,
cheirando a ruas acabadas de
amanhecer,...
sim, continua a sorrir,
adoro que o faças se eu
for sendo sincero com o que
escreves,
e mais ainda com o que dizes,...
amanho-me aqui sem saber
cozinhar sentimentos
em verso,
e limito-me a seguir o que
gosto de te despertar,
o simples moldar de tanta
ideia junta,
atabalhoada,
que te entrego em flor,
para que refines,
e saiam assim poemas,
despretensiosos,...
quase como se o mundo tivesse
absoluta necessidade de os abraçar,
para que não caiamos,
nós,
numa roda em que o tempo
deixa de contar
também não me cabe na pele o
estertor dos erros,
estiquei em mim a frutuosa
indecisão de todos os dias,
o que valeu aos ditadores,
vestindo-os de uma simplicidade
demoníaca,
e hoje sobrevivo assim com
a água certa,
comprometendo-me apenas com
o certo que um poema me dá,...
às vezes sinto-me afogado
no que qualquer destes versos,
tem para dar,
mas a possibilidade de uma
luz adequada ao contentamento,
repousa-me atenuado
Por cada um de mim que houver após o fim do tempo,
Não serão dois nem três,
Talvez os suficientes,
Todos os equívocos que as pessoas irão varrer para o canto do mundo,
Ao pormenor,...
Os relatos de dor surgirão,
Como se recordar-me for a lanterna da procura de uma noite certa,
Infinda,
Onde passe por cima do tempo tudo o que o espaço quiser decantar,...
Aprofundar por não menos que a descoberta do sentido da vida,
E se de facto voltar o amanhecer,
Não terminem de ler este poema,
Já cá não estarei para que me mirem com a reprovação suficiente para uma mentira
“Não toques nos objectos imediatos. A harmonia queima. Por mais leve que seja um bule ou uma chávena, são loucos todos os objectos. Uma jarra com um crisântemo transparente tem um tremor oculto. É terrível no escuro. Mesmo o seu nome, só a medo o podes dizer a boca fica em chaga.”
começo a perceber
melhor o meu avesso,
tem vida,
assoberba-se quando o
mar revolta a fase
indistinta do tempo,
e ao passear-se na lage fria
desta constante de amorfos,
revolta-se,
escreve a possível
lamentação,
e deixa de sobra
duas lágrimas,
que guarda a partir
de um momento
que se auto-extingue,...
Não estar aqui,
Com as tuas mãos em repouso,
E as minhas na dialetica da imperfeição humana,
Estares aí significa as duas faces da solidão possível,
E um rosto criado a escopo,
E o teu,
imperfeito no cinzel daquela única tarde em que pensei ter-te
Eu devo ter querido isto,
Passar despercebido à máfia do vício,
Sabendo que a noite cai sempre para mim de forma diferente,...
Não me arrependo,
Sem dizer que a frase certa,
Soa-me humildemente ao errado,...
Acho que aperceber-me assim das coisas imprevistas,
Faz de mim mais velho,
Menos imprescindível,
Dispensável até quando da minha ausência se espera tudo
Poucas vezes depois do sol,
Conseguia partir copos,
Só repousava antes do sono,
Um pouco contrariado,
Muito indeciso,
Sempre com mãos sujas de negrura,...
Dormia com sangue o tempo suficiente para me habituar à dor,
E escolhendo ter sede,
Partir os copos que quisesse,
Antes de gritar inocentemente de dor,...
Agora já não me lembro da força que tive de aproveitar,
A meio do choro com a frase
Olá,
Agora adversamente explicada a mentir,
Não te vejo como a linha de mar dos meus olhos,
Talvez balizada pelas descobertas do sol que me enfeitam o silêncio,
Te perceba finalmente como o holocausto dos meus barulhos,
De todas as minhas vulgaridades,
E Rostos com este erre grande que aqui te envio,
Sem selo de retorno,
Talvez porque nem espero que retornes,...
Assinado,
O teu despedimento assinado alegria,
Agora que é de um raio de sol que me alimentas a esperança de te ter,
Sabendo que nem de cheiro descrevo a vida que já foi nossa
ali vai o homem sem desnortes, acentuada assim, esta era uma desilusão credível, sem que ninguém se ofendesse, ou quisesse até fruir as mesmas mensagens, sempre sem explicação, sem retorno,.... quase como a provocação, inerente ao estar sem perceber, este homem percebia não ter desnortes, só acreditava num sorriso, em todos os sorrisos a caírem para o precípicio, contando com a morte,.... o passatempo era pois escrever sobre este homem, dar-lhe o palpável, a prevenção da humanidade,.... todos falhavam, mas todos digladiavam-se por tentar
e daqui em diante,
a mim não me pretendem
mais os sonhos,
as velozes desmaterializações
do ser,
a mim chegam-me
a procissão dos sonhos inalcançáveis,
os dias sem água
contra o racismo trôpego da sede,...
a mim chega-me
avivar todas as memórias
que não professei,
as razões inabaláveis,
que se desfizeram,
deixando o tempo sem sentido,...
e daqui em diante,
aflijo-me apenas
com o que quiser,
e nunca com o que preparam
nas minhas infelicidades
à tua pele,
ou melhor na tua pele,
deslizaram a parcela indelével
da solidão,...
à melhor parte de poder ver,
essas foram as possibilidades
que fomos tendo
de o esquecer,
de aprovar a inconsequência
que temos,
sempre que percebemos o vazio
de não ter ninguém,
de debater com a manhã,
deixando-a levar a melhor
como entidade bem sucedida,
de vida explicada,....
e agora,
ao menos que se sujem
as mãos com esta,
indiscutível debilidade
Eles não dizem como pensar de forma correta,
Rostos recolhidos em arrependimento,
Se uma manhã servisse,
Como ângulo certo,
Para explicar tudo isto,
Eles não saberiam como desdizer o romance,
Aprofundar esta escrita irreconhecivel,...
Não saberiam,
Talvez só como a poesia viesse a dizer,
A verdade
Nada,
As frases,
O alento de uma certa entoação,
Até um pé ante pé para fora
Desta tempestade,...
De nada restava as capitulares,
Só o que se podia descrever,
Como se o tempo trouxesse aquele alento que nos falta,
Para meter a morte no bolso,
E reduzir o big bang a uma bica e um cigarro,..
Repito,
Nada,
Duas fases inexatas da mesma tristeza
já me permito sublinhar livros,
dizer às pessoas
aquilo que quero,
com as frases que tinha
esquecido,
como que a escorrer
nos cantos do meu refúgio,
sempre que o sol nasce
não vou muito longe,
só em redor deste postigo de janela,
e passeio para trás,
e para os lados,
até que o tempo consiga afetar-me
de forma,
significativa,
tanto assim que me deixe
a cantar,
sem disposição,
com a vontade possível
de fazer parar as inconsequências
do tempo,...
e quando me quiseres
parado,
desfia o rosário dos
problemas por resolver,
talvez nessa altura,
já tenha escrito sobre
a formosura de estar só
as vísceras como
letras,
as letras
como tráfico,
a fraca e indefinida perfeição,
como pensas,
como ages,
e tudo,
mas mesmo tudo,
dizendo que
a escrever,
a folha é cor de sangue,
com todas as mortes
precoces estridentes
nas letras sem sentido,
nas frases sem fim,...
isto sou eu,
a querer escrever
mais para dentro,
da Terra,
dos nossos e inconstantes
pensamentos
de amor anulado
não foram só as coisas que li,
os determinantes que evitei,
a vulgaridade que escolhi
fintar,
os versos repetidos que
fui forçado a usar,
as pessoas inócuas que
revi,
e refiz toscamente em
situações sem solução,...
não foi tudo que alguma vez
desejei,
e as flores indesejadas nos
raiares dos teus olhos,
talvez de tudo não haja retorno,
nem das frases indecisas,
dos sentimentos sem pátria,
que vagueiam pelo mundo,
invisíveis,...
não foi nada disto que me lembro,
efetivamente,
de ter lido,
talvez a possibilidade de um lado
sem arestas,
naquele livro que te esqueceste,
quando desabitaste o meu peito,
talvez seja isso
Claro que era conversa de café, aquilo que se esforçava por mostrar. Ombros direitos, olhos amendoados, como que enraivecidos, mas sem realmente estarem.... Dizer mal de políticos, das aleivosidades que as mães dos ditos tiveram de fazer para os parirem, parecia colher sempre, em qualquer rua, em qualquer canto... Era preciso, sim, manter uma postura amanuense, um ritmo de discurso acelerado, e sem projeções de saliva que pudessem descredibilizar o que quer que fosse.... Naquele dia, até, mandou vir uma 'tulipa', que lhe puseram à frente a escorrer espuma, em cima do balcão.... Havia um senhor irritado com ele, mas que por enquanto estava controlado.... E dois outros, tão amadurecidos no conformismo, que se calhar nem contavam para nada... Lá ao canto, a dona não sei quantas, o nome se calhar não vinha ao caso, de vez em quando olhava de soslaio enquanto tratava dos pipis, para depois a seguir ir ao entrecosto com migas que já lhe tinham pedido.... Continuou, por isso, sem percurso definido... Tão depressa disse bem de estarem a aumentar os velhinhos, como disse mal de já ninguém respeitar as casas das pessoas... Sentia o sangue a golfar nas veias do pescoço, que inchavam e desinchavam como as pernas de uma octogenária com má circulação.... Agarrou-se ao peito, simulando uma dor tão grande, que dava para meter lá dentro o tempo, e o espaço, e ainda arranjar espaço para os arrependimentos sem cor de que toda a gente, mesmo toda a gente, padecia a qualquer hora do dia.... Guardou-se para o fim do desafio da bola, que guinchava aos solavancos no rádio velho de canto de taberna... E ao mesmo tempo que o tempo espichava,.... ao mesmo tempo que deixava de haver espaço para que a luz ali entrasse, já que lá fora o sol ia esboroando o que lhe restava de força no horizonte,.... sentia que era preciso acabar,.... Bebeu o que faltava, virou costas, baixou os olhos, e saiu daquele espaço... Nada mais ocorria dizer para que a conversa de café, voltasse a soar a conversa de café