A roupa estava arrumada em montes simétricos, disposta em cima do quadriculado da colcha de renda de bilros. Os sapatos, já gastos e a precisar de renovação, alinhados aos pés da cama. Havia uma mala antiga, com dois fechos presos por clips de papel, assente num cadeirão antigo de napa. O sol entrava, desdobrado em pequenos guardanapos amarelados que pareciam alisar a parede. Ela suava, apressada para sair. Vestia duas camisolas, uma amarelo desmaiado, e a outra branca. Tinha sido a mãe a dar-lhe as duas, havia já um bom par de anos, e costumava chamar-lhe a roupa da pressa. Sempre que havia qualquer coisa que precisava de ser feita, sentia a compulsão de vestir aquelas camisolas. Quase como se ao suar, se sentisse una com dois pedaços de tecido. Esquisito, e impossível de se explicar neste momento. Um gato pulula por cima do parco mobiliário do quarto. Olha e ronrona para ela, mas não obtém resposta. Tudo parece estar pronto para sair, amansadamente, de casa. Mas o telefone toca. É um ronco irritante. Nota mental: mudar aquele toque.
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Não se acalmava de outra forma que não com um beijo. No cimo da cabeça, por entre vigorosos benfazeres no cabelo revolto, alourado. Não era ...
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