Acabei de ler um texto muito bem escrito, publicado hoje no suplemento ‘P2’ do Público. Versa sobre a o plano de ajuda social recentemente aprovado pelo Governo, apresentado pelo ministro Pedro Mota Soares, e ao que parece já assimilado pelo povo português. Começando pelo fim, recordo uma citação sábia do sociólogo Manuel Villaverde Cabral: ‘e os protestos?’ Seriam com certeza o factor equilibrador da balança na primeira facada séria que este governo de liberais dá no coração do magérrimo estado social que ainda vai existindo por cá.
Entregar gestões de problemas sociais a caridadezinhas, dá em desconhecimento completo das possíveis soluções para problemas de longo prazo. Admito que é tudo muito confuso o que escrevo, porque reconheço que ainda não organizei na minha cabeça ideias sobre os princípios políticos que reconhecidamente me norteiam, e a melhor forma de os aplicar num mundo que já nada tem a ver com a época em que os mesmos me foram inculcados. De uma coisa, no entanto, parecem não restar dúvidas. Um país não se governa, conforme perpetuou Mao Tse-Tung, dando peixes às pessoas. Este plano passa ao lado de factores fundamentais como a educação, a responsabilidade governativa na consecução de planos que fomentem a saúde e a habitação como direitos básicos constitucionais. Em vez disso, são deixados a critérios privados, com a consequente falta de regulação que daí advém, a aplicação de políticas que, insisto, passam ao lado da raiz dos problemas.
Custa-me a ver velhinhos a tomarem medicamentos com o prazo quase a expirar, com o Estado a refugiar-se na desculpa de que está estrangulado por ditames estrangeiros que impedem que se gaste dinheiro no que quer que seja.
O investimento na produção urge neste país. São consecutivos 35 anos a passar ao lado do trajecto normal de um país para o desenvolvimento. E os reflexos hoje são os números assustadores de pobreza. Solução para isto encontrada pelo Governo? Precisamente perpetuar a pobreza, pretendendo atingir três milhões de pessoas com um plano de paliativos.
Se calhar fico-me por aqui porque falar sobre confusão, ainda acentua mais a confusão.