Subsidiado pela dor. Estava assim descrito no pequeno boletim de papel ratado que guardava na mesa de cabeceira, dobrado em quatro, e com cheiro de qualquer coisa que estava para acontecer. E ficavam-se por aqui os sintomas de auto-estima que demonstrava. À noite, ainda tentava pensar em coisas consubstanciadas no destino. Como o desfazer de aplausos. O entardecer adormecido pela forma intensa como as ondas morrem na praia. Mas nada parecia querer partir e regressar com intenções de ficar para lhe garantir a felicidade.
Assustava-se com pouco. Até se o dia nascesse com menos dois raios de luz na bruma em que gostava de se deixar levar pelo sono, permanecia quieto com medo que o mundo fosse acabar. Outra das coisas sobre as quais escrevia. Dizendo-o em voz baixa, obtinha textos consistentes. Com princípio, meio, e os fins que lhe apetecia. Sempre negros. Nunca de finais felizes. O auge roçou-o na pequena carta de uma menina apaixonada por um cantor, que descobriu gostar de ser mulher, e depois quis levar a sua própria vida na falésia mais bonita do país onde habitava. Tudo veio a esfumar-se na infelicidade de trazer assim qualquer coisa de desastroso que não se explica.
2011/08/02
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