2011/10/31

...i don't hate myself and i can't write #2


Gostava de se esparramar pelo chão encardido daquela pequena divisão da casa. Lá fora era tudo quadriculado. Os azulejos da frontaria da vivenda pareciam a batalha naval. As pessoas, de tão tristes, tinham caras esquálidas, quadradas mesmo. E até as árvores mortificavam tudo com a morte que já lhes tinha sido diagnosticada. Isto tudo, com um homem a espreguiçar-se, quase diariamente, assim despreocupado. Haveria qualquer coisa quando a tarde caía, e a noite se aproximava, pé ante pé, que o levava a soltar-se desta forma. Se calhar seriam auto-análises prontificadas por vontades, indefinidas, de se sentir acompanhado na maior das solidões que professava. Seria o senhor qualquer coisa, quando rebolava, quadruplicava quase a alegria de vida em largas e profundas risadas. E tudo sem música. E tudo sem assistência. Só pelo simples prazer de continuar com a vida para que a vida não acabasse num sopro de morte que ficaria irresolúvel nos contornos do tempo que um dia se acabará.
O ritual parecia precipitar-se para um fim, porque repetitivo, quando alguém o descobriu. Começou por ser um par de olhos amendoados, castanhos, vulgares, a espreitarem pelos rachas irregulares da portada da janela daquele pequeno teatro de emoções. Depois passou a cheiro. Um nariz deformado, mas curioso. E depois uma boca arfante, e que fumegava no vapor húmido das noites cada vez mais frias. E aquilo parecia combustível....

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