ECONOMIA UE: Ex-chefes de Estado e de governo, incluindo Jorge Sampaio, defendem
"new deal" europeu para superar crise
Berlim, 03 jul (Lusa) - Um grupo de ex-chefes de Estado e de Governo,
entre os quais o ex-presidente da República, Jorge Sampaio, exigiu hoje
um programa de investimentos na Europa para dinamizar as economias, em vez
de medidas de poupança.
O programa, inspirado no chamado "new deal" norte-americano, destina-se
a "garantir a sobrevivência da zona euro e a sua coesão económica", diz-se
no manifesto dos antigos dirigentes políticos, revelado hoje pela edição
Online do semanário Der Spiegel.
O "new deal" foi um programa de reformas adotado nos anos trinta do
Século passado nos Estados Unidos da América para fazer face à primeira
grande crise económica mundial, reanimando a economia através de vultuosos
investimentos do Estado.
Além de Jorge Sampaio, subscrevem o documento o ex-primeiro ministro
belga Guy Verhofstadt, o ex-chefe do governo italiano Giuliano Amato e o ex-primeiro ministro francês Michel Rocard, nomeadamente.
A iniciativa partiu do diretor da Faculdade de Economia da Universidade
de Atenas, Yanis Varoufakis, e do político trabalhista britânico e professor
de economia Stuart Holland, noticia a mesma publicação.
Os signatários propõem que as verbas para o referido programa de investimentos
europeu sejam recolhidas através da emissão de obrigações do tesouro de
todos os estados da moeda única, os chamados euro-bonds.
A emissão deste tipo de obrigações tem sido recusada, no entanto, por
boa parte das grandes economias da União Europeia, nomeadamente a Alemanha,
a França, a Holanda e os países escandinavos.
Entre os responsáveis europeus atuais também há, no entanto, adeptos
desta solução defendida pelos antigos políticos, como o presidente do eurogrupo,
Jean-Claude Juncker.
Os governos da Itália, Grécia, Espanha e Portugal, defenderam igualmente,
no auge da crise das dívidas soberanas, a emissão de euro-bonds, nomeadamente
para obter empréstimos em condições mais favoráveis para os países que tiveram
de pedir resgates à União Europeia e ao FMI.
Os ex-chefes de estado e de governo propõem ainda que as futuras receitas
dos investimentos a implementar deveriam servir para abater os empréstimos
contraídos em euro-bonds.
Segundo os subscritores, as obrigações do tesouro europeias "teriam
grandes hipóteses de atrair excedentes de fundos estatais e capitais de
países emergentes, e ser vendidas por juros relativamente baixos".
Por isso, a UE "não só deveria juntar verbas para investimentos através
dos euro-bonds, como também devia trocar uma parte da dívida contraída por
países como a Grécia por este tipo de obrigações do tesouro", afirma-se
na mesma declaração.
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